quarta-feira, 26 de março de 2008

A cachorra que bebia lágrimas

Elas eram elas.

Humana e canina. Mas, a simbiose cotidiana as tornou parecidas.

Anacronicamente parecidas. Ritmadas.

Necessárias. Uma da outra.

Assim, se uma andava, a outra seguia. Se uma latia, a outra falava.

Quando fome, comiam. Quando sono, ambas dormiam.

Uma sincronia vital para a harmonia doméstica...

E quando ela chorava sua cachorra a lambia. Lambia feridas em forma de lágrimas.




(pintura de Pablo Picasso, 1881-1973)


sábado, 5 de janeiro de 2008

À ESPREITA



olhinhos precisos

- águia atenta -
copa da árvore, seu retiro.

(pintura de Paul Cezanne, 1839-1906)