sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

INSPIRAÇÃO MOMENTÂNEA

 

FOR-
    TA-
-LEZA

CHOVE.

EU,
SECA.

FORTALEZA MOLHA, ALAGA!

E

EU, SECA
EM LÁGRIMAS

(...)


(pintura de Henri Matisse, 1869-1954)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A chuva, a pele e o mar



Alçam as velas! Atmosfera sideral.
Negra e suada pele que a fina chuva banha.
Alívio em mãos calejadas. Gotas de um irrealizável orvalho passeiam por nódulos da carne áspera.
Tormenta.
Impiedosa intempérie afoga os sons da labuta cativa.
Navio negreiro que não aporta.
Trabalha o corpo, trabalha a alma que a água lava. Navegam ondas em verdugo açoite. Maxilares impassíveis a fustigarem tantos sonhos...
Olhos rociados marejam narizes de asas largas.
Boca que amarga o fel das correntes.
E nunca mais serão insípidas as águas que escorrem por entre as frestas da madeira à mercê do vento.

Maresia já ecoa.
Burburinhos estrangeiros aportam. Mercadoria entregue.



(pintura de Salvador Dali, 1904-1989)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Extremidades Dormentes




- Circulação?
- Não. Gozo que se anuncia.



(pintura de Henri de Toulouse, 1864 - 1901)








domingo, 10 de janeiro de 2010

Na hora do almoço

Feijão preto borbulha
panela de barro,
fogão à lenha.

Fei-jo-a-da!
Chei-roooo-saaa!!!

Crescem os olhos,
boca com saliva
e um estômago maior que barriga.




Mas, porque hoje é domingo
- apenas porque hoje é domingo -
estão as gulodices perdoadas!

(pintura Henri Matisse, 1869-1954)

sábado, 2 de janeiro de 2010

CRIOULO

Crioulo malandro do gingado matreiro,
encanta a mulata ao som do pandeiro.

Traz no pé o molejo.
Na alma, o samba
enfeitiça a morena, ainda criança!

Desce do morro
de terno e chapéu,
rosa na mão
com garrafa de cachaça

pra fazer a serenata
aos pés da bela mulata
que já anda enamorada
pelo olhar do malandro...


Crioulo,
mostra os dentes alvos num sorriso vencedor.
Carrega a tua nêga. Agora, teu amor!

(pintura de Di Cavalcanti, 1897-1976)