(pintura de Candido Portinari, 1903-1962)Sou do Brasil de muitos.
Meu país é de Buarque, de Meireles, de Veríssimo, de Drummond.
Meu país é com patativas, colibris, beija-flor.
Meu país é das Marias, dos Joãos, das Raimundas e Antônios.
Meu país é poesia, ritmo, samba, chorinho e bossa-nova.
É país da enxada
suor no rosto
calos na mão.
Meu país é de sorrisos, de soluços,
de dunas e cachoeiras.
Meu país criança é da
experiência
sobrevivência
é fortaleza.
Já esse país de mensalões é de poucos...
E no jogo de cintura, eu vejo meu Brasil
no acordar cedo
da correria do trabalho,
no voltar cansado
suado.
no contar moedas para o pão e cafezinho
e nas noites insones sem dinheiro.
Vejo esse Brasil de muitos
na cachaça com limão,
no espetinho de gato
com cerveja gelada
e samba improvisado.
É na morena que rebola
no banho de mar com chuva
e principalmente no gingar.
(...)
Insisto
e vejo assim o meu país.
Senão, o desgosto é grande.